quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Sinto vergonha de mim



Sinto vergonha de mim, por ter sido educador de parte deste povo, por ter trabalhado sempre pela justiça, por compactuar com a honestidade, por primar pela verdade, e por ver este povo já chamado varonil, dirigir-se pelo caminho da desonra.
Sinto vergonha de mim, por ter feito de uma era que lutou pela democracia, pela liberdade de ser e ter que entregar aos meus filhos, simples e abominavelmente a derrota das virtudes pelos vícios, a ausência da sensatez no julgamento da verdade, a negligência com a família, célula-mater de sociedade, a demasiada preocupação com o “eu” feliz a qualquer custo, buscando tal ‘felicidade em caminhos contaminados com desrespeito para seu próximo.
Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo e tantas desculpas ditas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantos floreios para justificar atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre ‘contestar, voltar a trás e mudar o futuro.
Tenho vergonha de mim, pois faço parte de um povo que não reconheço,dirigindo-me por caminhos que não quero percorrer...
Tenho vergonha da minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço.Não tenho pra onde ir, pois amo esse meu chão, vibro ao ouvir o meu Hino e jamais usei minha Bandeira para enxugar o meu suor, ou enrolar o meu corpo na pecaminosa manifestação de nacionalidade.
Ao lado de vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo deste mundo!
‘De tanto triunfaras nulidades, de tanto ver prosperar a desonra,  de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude. A rir-se de honra, a ter  vergonha de ser honesto.
Ruy Barbosa

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